Olá, estou reproduzindo a carta da Sociedade Brasileira de Pediatria que alerta sobre os perigos e medidas a serem tomadas em relação ao andadores.
Andador: perigoso e desnecessário!
Prezados
colegas,
A
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) convoca todos a participarem
ativamente da mais nova ação pela proteção da criança brasileira:
o banimento completo dos andadores do nosso meio!
Todo
pediatra sabe perfeitamente que o andador é um equipamento
que só traz prejuízos, seja pela sua absoluta inutilidade
no processo de aquisição da marcha, mas sobretudo pelos grandes
riscos à segurança (que incluem não só os riscos de traumatismos
cranianos potencialmente letais, mas também de queimaduras,
intoxicações e até afogamentosA).
Em
vista dos riscos consideráveis e da total falta de evidências
de qualquer benefício associados aos andadores, muitas entidades
voltadas para a atenção à saúde da criança têm recomendado
a proibição da sua produção e venda. Informações mais detalhadas
podem ser obtidas nos relatórios da Academia Americana de
Pediatria [clique
aqui e na declaração conjunta da European Child Safety
Alliance e da ANEC [clique
aqui]. Entretanto, até o momento, o Canadá foi o único
país a estabelecer a proibição da venda e utilização de andadores,
com multa prevista para os infratores.
A
Sociedade Brasileira de Pediatria, por meio do seu Departamento
Científico de Segurança, conclama os pediatras brasileiros
a se engajarem na campanha pela proibição da venda de andadores
no Brasil.
Como
ação imediata - enquanto travamos a luta custosa e lenta contra
os entraves legislativos e interesses econômicos -,é importante
que todos os interessados na saúde e na segurança da criança
promovam um grande movimento comunitário pelo banimento do
uso do andador.
Recomendações
de ação aos pediatras:
1)
Inclua na orientação antecipatória das consultas de puericultura,
a partir do período neonatal, a contraindicação enfática ao
uso de andadores.
2)
Recomende que todas as famílias leiam a posição da SBP, disponível
no site “Conversando com o Pediatra” [clique
aqui].
3)
Para as famílias que começarem a consultar com bebês que você
não acompanhou desde o nascimento, pergunte se possuem andador
e, em caso positivo, recomende a sua destruição.
4)
Certifique-se de que não há andadores nos seus locais de trabalho,
como hospitais e creches.
5)
Envolva-se na divulgação em todos os meios de comunicação
dos riscos do uso de andadores e por que devem ser banidos.
6)
Notifique à SBP os casos de traumatismos causados por quedas
de andador ou de alguma forma relacionados com o seu uso [Clique
aqui].
Um
grande abraço,
Eduardo
Vaz
Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Aramis
Antonio Lopes Neto
Presidente do Departamento Científico de Segurança da SBP
Presidente do Departamento Científico de Segurança da SBP
Pediatras, ajudem a divulgar!
Papais e mamães leiam também a posição da Sociedade Brasileira de Pediatria (texto disponível no site "Conversando com o Pediatra:
Andador: perigoso e desnecessário
Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente
Desde 2007, é proibido vender, importar, e mesmo fazer propaganda
de andador para bebês no Canadá. Apesar de ainda muito popular no
Brasil, para bebês de 6 a 15 meses, o andador não é recomendado pelos
pediatras. Os pais alegam alguns motivos para colocar o bebê no andador.
Dizem que ele dá mais segurança às crianças (evitando quedas), mais
independência (pela maior mobilidade), promove o desenvolvimento
(auxiliando no treinamento da marcha), o exercício físico (também pela
maior mobilidade), deixam os bebês extremamente faceiros e, sobretudo,
mais fáceis de cuidar.
A literatura científica tem colocado por terra todas estas teses. A
ideia de que o andador é seguro é a mais errada delas. A pesquisadora
sueca, Ingrid Emanuelson publicou uma análise dos casos de traumatismo
craniano moderado em crianças menores de quatro anos, que considerou o
andador o produto infantil mais perigoso, seguido por equipamentos de
playground. A cada ano são realizados cerca de dez atendimentos nos
serviços de emergência para cada mil crianças com menos de um ano de
idade, provocados por acidentes com o andador. Isto corresponde a pelo
menos um caso de traumatismo para cada duas a três crianças que utilizam
o andador. Em um terço dos casos, as lesões são graves, geralmente
fraturas ou traumas cranianos, necessitando hospitalização. Algumas
crianças sofrem queimaduras, intoxicações e afogamentos relacionados
diretamente com o uso do andador, mas a grande maioria sofre quedas; dos
casos mais graves, cerca de 80% são de quedas de escadas.
É verdade que o andador confere independência à criança. Contudo, um
dos maiores fatores de risco para traumas em crianças é dar
independência demais numa fase em que ela ainda não tem a mínima noção
de perigo. Colocar um bebê de menos de um ano num verdadeiro veículo que
pode atingir a velocidade de até 1 m/s equivale a entregar a chave do
carro a um menino de dez anos. Crianças até a idade escolar exigem total
proteção.
O andador atrasa o desenvolvimento psicomotor da criança, ainda que não
muito. Bebês que utilizam andadores levam mais tempo para ficar de pé e
caminhar sem apoio. Além disso, engatinham menos e têm escores
inferiores nos testes de desenvolvimento.
O exercício físico é muito prejudicado pelo uso do andador, pois,
embora ele confira mais mobilidade e velocidade, a criança precisa
despender menos energia com ele do que tentando alcançar o que lhe
interessa com seus próprios braços e pernas.
Por fim, trata-se de uma grande falácia dizer que a satisfação e o
sorriso de um bebê valem qualquer risco. Um bebê de um ano fica radiante
com muito menos do que isso: basta sentar na sua frente, fazer caretas
para ele e lhe contar histórias ou jogar uma bola.
Dizer que o andador torna a criança mais fácil de cuidar revela
preguiça, desinteresse ou falta de disponibilidade do cuidador. Caso o
adulto realmente não tenha condições de ficar o tempo todo ao lado do
bebê, é mais seguro colocá-lo num cercado com brinquedos do que num
andador. Cercá-lo de um ambiente protetor, com dispositivos de
segurança, como grades ou redes nas janelas; estas são medidas de
proteção passiva, muito mais efetiva. O andador definitivamente não se
enquadra neste esquema.
Existe um movimento muito intenso na Europa e nos Estados Unidos
visando a implantar uma lei semelhante à canadense, uma vez que todas as
estratégias educativas têm falhado na prevenção dos traumatismos por
andadores.
Enquanto este progresso não chega ao Brasil, continuamos contando com
o bom senso dos pais, no sentido de não expor os bebês a um produto
perigoso e absolutamente desnecessário.
• American Academy of Pediatrics. Committee on Injury and Poison
Prevention. Injuries associated with infant walkers. Pediatrics.
2001;108:790-2.
http://pediatrics.aappublications.org/cgi/content/full/108/3/790.
• Taylor B. Babywalkers. BMJ. 2002;325:612. http://bmj.bmjjournals.com/cgi/content/full/325/7365/612.
• Health Canada. Baby Walkers (Banned) & Stationary Activity Centres. http://www.hc-sc.gc.ca/cps-spc/child-enfant/equip/walk-marche-eng.php
• Taylor B. Babywalkers. BMJ. 2002;325:612. http://bmj.bmjjournals.com/cgi/content/full/325/7365/612.
• Health Canada. Baby Walkers (Banned) & Stationary Activity Centres. http://www.hc-sc.gc.ca/cps-spc/child-enfant/equip/walk-marche-eng.php